2018-02-14

Mistificações



Mito 1: O Bloco está a crescer na Madeira 

Segundo este argumento o BE está a crescer na Madeira e como em equipa que ganha não se mexe, não se justifica haver mudanças na sua direção regional. 

O Bloco concorre às eleições regionais desde 2004 quando teve o seu melhor resultado de sempre. Se traçarmos uma linha de tendência, ela é descendente, não voltou a atingir o resultado de 2004. Cresce em relação às eleições anteriores, de 2011, mas essas foram um desastre. A tese de que o BE está a crescer na Madeira tem pouca consistência.


Mito 2: A eleição de um deputado à Assembleia da República pelo BE na Madeira, deve-se ao "efeito Catarina"
Esta tese desvaloriza eventuais efeitos locais no resultado surpreendente obtido pelo BE em Outubro de 2015. Acontece que a evolução dos resultados nas três ultimas eleições legislativas é muito diferente na Madeira e no total do país.
A nível nacional, em 2015 o BE com a Catarina Martins conseguiu um resultado ao nível de 2009, ligeiramente abaixo.



Mas na Madeira o resultado de 2015 foi muito superior ao de 2009, um aumento do numero de votos de quase 60%. Houve um "efeito Catarina" por todo o país, visível face ao resultado das eleições anteriores (quase duplicou) e face às sondagens de alguns meses antes das eleições.


Esse efeito, em linha com o que se passou no resto do país, daria cerca de 8.440 votos na Madeira - o resultado de 2009. Não faz sentido é considerar que o "efeito Catarina" teve especial incidência na Madeira, ela foi cabeça de lista no Porto.
O crescimento excepcional da votação no BE na Madeira explica-se também por fatores locais. E se a um desconhecido não se pode imputar tamanho impacto, então a explicação residirá noutro fator, esse sim conhecido, mas que tem o efeito de afastar os votantes do BE e que desta vez não esteve presente, ou a sua presença foi menos notada.


É um facto que em eleições legislativas anteriores o resultado alcançado no círculo eleitoral da Madeira pelo Bloco ficou aquém do resultado a nível nacional. Mas em 2015 não foi assim, pela primeira vez o resultado na Madeira ficou até ligeiramente acima do resultado nacional. Estes dados são compatíveis com a hipótese do factor negativo que afasta eleitores e que em 2015 não esteve presente.
A boa imagem dos dirigentes nacionais do BE em anos anteriores não foi suficiente para que a votação na Madeira se aproximasse do resultado nacional.


Em eleições regionais a influência das figuras nacionais do partido pesa menos, os dados mostram isso, a votação nas regionais tem sido mais fraca que a das legislativas nacionais no círculo Madeira.



Enquanto nas eleições legislativas o BE na Madeira já ultrapassou os 13.000 votos, nas regionais não passa dos 5.000, mostra-se estagnado. Estes dados também reforçam a hipótese do fator negativo a nível regional, que faz perder votos. Há muitos madeirenses que votam no BE em eleições de âmbito nacional, cativados pelo discurso e pela imagem das figuras nacionais, mas que não votam no Bloco em eleições regionais, porque as figuras e o discurso já não os cativam.

Os resultados de 2015 e as várias análises aqui apresentadas o que sugerem é que uma mudança de protagonistas e de discurso pode bem ser a necessário para o Bloco na Madeira passar a ter um desempenho eleitoral ao nível do que tem registado a nível nacional. O resultado de outubro de 2015 mostra que é possível.

Se a política não é uma ciência exacta, também não é uma ciência oculta. Os resultados passados não são garantia de igual desempenho no futuro, mas os resultados não caem do céu, não se explicam pelos astros.

Ou se admite que há um impacto dos principais rostos das campanhas eleitorais e assim faz sentido falar em "efeito Catarina" e em outros efeitos locais. Ou se as personalidades não têm impacto e tem tudo a ver com o coletivo, significa que é indiferente que pessoas são candidatos aos cargos.

O que não é coerente é admitir um "efeito Catarina" a nível nacional e a nível regional explicar tudo pelo coletivo. Haja paciência.

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