2020-02-07

Orçamento, esperança adiada

O Orçamento regional não traz novidade, nem parece que há mais um partido no Governo, não dá melhores perspetivas de futuro para quem quer viver na Madeira, é de continuidade na satisfação das clientelas (agora alargadas) e no empobrecimento do povo – bem que o PSD prometeu mais dinheiro para a caridade.


A esperança em dias melhores para os madeirenses não se cumprirá em 2020, não por força do Orçamento regional, excepto para aqueles bafejados com as nomeações nos lugares de confiança do Governo, ou os que comem da manjedoura do orçamento, através das concessões, de parcerias público-privado, dos inúmeros serviços de assessoria externa contratados, etc. Porque nesta terra que tanto apregoa o empreendedorismo e a iniciativa privada, é nos negócios cujos lucros são garantidos pelo Estado que se chega a grande.

Melhorias na saúde e na educação não vão existir, pois a preocupação dos governantes é alimentar os negócios privados nestas áreas e não dar resposta às necessidades dos cidadãos - de todos nós e não apenas daqueles que podem pagar.

Nos pequenos negócios é continuar a trabalhar para aquecer, pois sem aumento de salários não aumenta o poder de compra dos potenciais clientes, sem redução do IVA a tesouraria não sai do vermelho e os custos dos transportes (marítimos) são intocáveis. O Governo prefere baixar o IRC o que só beneficia as grandes empresas. Neste quadro os programas de apoio a abertura de novos negócios servem para enfeitar estatísticas e fazer aparecer nas notícias, o efeito a médio prazo é insignificante.

A saída é a emigração, o que é útil pois ajuda a compor as estatísticas do desemprego. Os negócios da caridade vão crescer – uma promessa Albuquerque vai cumprir – para acompanhar o crescimento da pobreza, do subemprego e da precariedade. No mundo do trabalho o rumo continua a ser a selva, a Lei do mais forte, o abuso sobre quem trabalha.

As obras inúteis vão continuar, pois há um monstro do betão para alimentar e há favores da época eleitoral para pagar.

Há um milhão para apoiar a compra de carros novos, mas não há verba para oferecer o passe social aos idosos ou aos estudantes ou para deixarmos de ter os transportes públicos mais caros do país. Mas haverá muitos milhões para indemnizar os amigos donos da SDM a quem foi feita uma adjudicação manhosa ou para pagar terrenos subjacentes a infraestruturas públicas, ao cabo de décadas.

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