A Madeira é reconhecida pela qualidade de vida que oferece, em especial nos aspetos ambientais: temperaturas amenas, paisagens arrebatadoras, a Natureza esplendorosa. Mas a qualidade de vida faz-se de muito outros fatores, a existência e a qualidade do emprego, as condições das habitações, o custo dos transportes, a disponibilidade de serviços de saúde e educação. E se o Sol ainda nasce para todos, nos demais aspetos há diferenças inaceitáveis na qualidade de vida entre os madeirenses.
O desenvolvimento tão apregoado dos últimos anos serviu para melhorar as perspetivas de futuro dos madeirenses? As vias rápidas e os túneis estão aí para serem usados, mas não dão sustento a ninguém e para quem tem de emigrar, são de pouco consolo.
Há cada vez menos crianças – desde 2012 perderam-se 7.000 alunos – sinal claro das poucas perspetivas de futuro que a Madeira dá aos seus filhos e que as políticas seguidas nos últimos anos foram erradas. Não há empregos, os poucos que há são de fracos, mal pagos, não permitem pagar uma casa, muito menos constituir família.
O PSD insiste nas velhas políticas: obras públicas de utilidade discutível, que alimentam a fortuna dos donos da Madeira e cavam nova dívida para o povo pagar. Privilégios renovados aos empresários de sempre, nos portos e ligações marítimas ou na Zona Franca, pobreza e desemprego para a maioria.
O objetivo da Política, da governação, deveria ser melhorar as condições de vida – a felicidade - para todas as pessoas e não só para algumas. Os países que apresentam maiores índices de felicidade são os que têm menor desigualdade na distribuição da riqueza e melhores serviços públicos, como a saúde, a educação, ou os transportes. O clima não é um fator determinante, os países do norte da Europa até têm clima pouco convidativo.
Os países mais pobres do mundo, por seu lado, são os mais desiguais, com uma elite milionária e poderosa e a maioria condenada à miséria.
São as escolhas coletivas que fazemos que determinam a nossa qualidade de vida. É a forma como nos organizamos em sociedade, que determina a capacidade de nos realizarmos nos planos profissional e pessoal, de sermos felizes.
Cabe-nos decidir que tipo de sociedade queremos: ou uma menos desigual, com saúde, educação e riqueza para todos; ou uma em que alguns concentram a riqueza e o poder e a maioria é fica condenada à pobreza e à emigração.
(publicado em dnoticias.pt em 29/09/2018)
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