2020-01-13

Ferry: a farsa do PSD

O PSD enganou bem os madeirenses com a questão do ferry, prometeu trazer de volta a ligação marítima de passageiros, lançou concursos internacionais, mas tudo não passou de uma encenação para no fim ficar tudo na mesma: deixar a Madeira refém do monopólio do grupo que controla o transporte de mercadorias e os portos - o grande garrote a economia regional.

Depois de um concurso internacional deserto, foi feito um fato a medida para o grupo Sousa, o Governo Regional falou em testes denotando a sua má fé em todo o processo.

O Governo anuiu com preços absurdos e o concessionario nem esperou pela data das eleições para cancelar o contrato.

Depois de levantar uma série de obstáculos, o GR cinicamente veio saudar o sucesso da operação trimestral em 2018. Pelo meio o monopolista anunciou o transporte de passageiros num navio porta-contentores.

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A Madeira e os Açores continuam a ser as únicas regiões europeias sem ligações marítimas de passageiros regulares ao continente - até as Ilhas Faroé, com menos de 50.000 habitantes, têm ferry todo o ano à Dinamarca e sem ajudas do Estado.
A política regional é marcada por amplos consensos de submissão aos interesses privados - quem detém o verdadeiro poder. Isso é evidente na questão do ferry, nos abusos cometidos no porto do Caniçal, mas também no CINM, ou nas concessões rodoviárias. O debate político é dominado pelas questões acessórias ou pessoais.


O Bloco propõe a gestão pública dos portos da Madeira enquanto infraestrutura estratégica e uma empresa pública para gerir as ligações marítimas para o continente e para o Porto Santo, em defesa do interesse público e para o bem de todos.

2020-01-04

Empreendedorismo à Frei Tomás

Bem pregam o empreendedorismo os governantes regionais, mas tal como Frei Tomás, olhem ao que ele diz e não ao que ele faz. Mandam sair da zona de conforto, mas eis que colocam-se a sí próprios no conforto dos tachos da Administração Pública.

Após as eleições assistimos às habituais danças de cadeiras: governantes que entram e outros que saem. Dado o papel central que o tema do empreendedorismo tem no discurso do Governo Regional seria de esperar ver os governantes não reconduzidos a darem o exemplo e a porem em prática o que pregava: investir as suas poupanças na criação de empresas e empregos, a tornarem-se empreendedores.

Mas eis que afinal foram todos (ou quase) colocados no conforto de tachos da Administração Pública. Até foram alargados conselhos de administração e revistos estatutos de organismos públicos para caberem todos. Fica assim demonstrado como os governantes levam muito a sério o que apregoam no exercício das suas funções. Arriscar? Os outros que arrisquem!

Empreendedorismo é para os outros. Para os desempregados deixarem de contar como tal nas estatísticas, para alimentar uns negócios de estudos de viabilidade, de formação no dito “empreendedorismo”... depois do prazo de obrigatoriedade de manutenção das portas abertas, os promotores são aconselhados a recorrerem à insolvência individual e a emigrarem, depois de cinco anos a “ficha” estará limpa.

O Governo faz gala com os números de empresas e empregos criados (55 e 94 respectivamente em 2019 só à conta do Instituto do Emprego), faria melhor em informar quantos sobrevivem ao fim de cinco anos e quantos terminam em insolvências individuais, na ruína das famílias e na emigração.

Empreendedores de sucesso são os que vivem à sombra do Orçamento Regional, com lucros garantidos pelo Governo através de leoninos contratos de concessão. Que o digam Via Expresso e Via Litoral que no conjunto lucram 80 milhões por ano, ou o Teleférico do Funchal em que mais de 70% das vendas são lucro - são negócios das Arábias.

É o dinheiro de todos nós que alimenta esses lucros fabulosos e fazem a fortuna dos donos da Madeira. É inaceitável que as outras empresas beneficiárias de concessões (das ligações ao Porto santo, dos portos, das inspecções automóveis ou das cantinas escolares) não sejam obrigadas as publicar as suas contas para escrutínio de todos nós - obviamente não convém que se saiba quanto lucram.



(publicado em dnoticias.pt em 2/02/2020)