O subsídio de mobilidade na versão atual foi criado pelos governos de Albuquerque e Passos Coelho em 2015 e na altura foi anunciado como o melhor do mundo. Mas os efeitos negativos não tardaram, os preços desataram a subir até bater e furar o teto dos 400 €, reservar viagem tornou-se um fadário. O PSD deixou de se vangloriar e passou a queixar-se de Lisboa – é o que sabe fazer melhor.
Entramos no jogo do empurra, do passa culpas: o Governo Regional acusa Lisboa de não querer mudar as regras; o Governo de Lisboa devolve as culpas para a Madeira, os anos passam e nada se resolve. Não há vontade! Ambos os governos colocam os jogo eleitoral acima do resolução dos problemas. Ao PSD convém ter motivos de queixa face a Lisboa, por isso não aceita as propostas que os ministros apresentam, nem apresenta da sua parte uma proposta razoável; Ao PS interessa adiar uma solução efetiva para perto das eleições e entretanto acusando o PSD pela autoria do atual modelo falhado. Ambos vão entretendo o povo com este jogo.
PS e PSD estão de acordo com a liberalização das ligações aéreas para a Madeira e com a privatização da TAP (o PS fez só um simulacro de desprivatização). Ambos estão de acordo com a necessidade de ajudar os lucros do acionista privado da TAP através do subsídio de mobilidade, estão de acordo no essencial, a disputa é só para ver quem pode exibir o trunfo de ter mudado as regras do subsídio, ambos vão clamar “agora é que vai ser” e “fui eu, fui eu...”.
alterações só muito perto das eleições, para não dar tempo de sentir-mos a diferença, não vá o povo reparar que foi mais uma vez enganado.
A liberalização foi escolha regional feita em 2008, mas falhou. A concorrência nunca chegou e o subsídio desde 2015 anula as diferenças de preço entre as companhias, não há escolha para o passageiro, pois após o reembolso o custo é igual – é um modelo que protege a TAP e os seus lucros.
O Estado suportava um encargo anual de perto de 14 milhões com as ligações à Madeira, esse custo desceu para cerca de 8 milhões até 2015, quando o subsídio era de no máximo 60€ por viagem. Com o atual regime, o custo não para de subir e terá ultrapassado os 40 milhões em 2018.
O Estado decidiu dar mais dinheiro à TAP depois de privada que quando era pública. O PS e o PSD estão confortáveis com esta situação, por isso nada muda ou muda a cosmética só para ficar tudo na mesma.
Sem enxergar o problema não se encontra a solução. O mal está na liberalização e a solução só pode ser o regresso ao regime de serviço público, que não é mais caro nem mais barato. Se 86 euros é o custo justo a suportar pelos residentes, se voltarmos ao serviço público será uma decisão política manter ou alterar esse custo.
(publicado em dnoticias.pt em 31/01/2019)
2019-01-31
2019-01-02
2019 – recuperar o futuro roubado
Que 2019 nos devolva a esperança no futuro, que foi roubado aos madeirenses, pela ganância de poder de uns poucos
O sonho da minha mãe era que os filhos estudassem e tivessem uma vida melhor que a sua. No seu tempo a quarta classe bastava para ter um trabalho respeitável, ela ficou pela terceira... nem lhe valeram os elogios da professora junto do meu avô, que tinha cabeça e poderia ser regente e depois professora. Nasceu aí a sua determinação: “eu não estudei, mas os meus filhos hão-de estudar”. Obrigado mãe!
O avô da minha mãe era um dos poucos homens que sabia ler e escrever, corria o Porto da Cruz de ponta a ponta a tratar de cartas e de outros documentos, mas criou os filhos analfabetos.
Diziam-lhe os senhores ricos que para trabalhar a terra não era preciso ler nem escrever. Aos mesmos senhores a minha mãe ouviu a indignação, a seguir ao 25 de abril: o Governo deve andar louco para dar escola à “canalha da serra”.
No meu tempo de estudante a licenciatura era garantia de carreira para a vida, hoje nem licenciatura, nem doutoramento. Quem nos roubou o futuro? Teremos “doutores” a mais?
Os jovens qualificados emigram para países (Inglaterra ou França) com maior percentagem de licenciados que Portugal. Esses países criam oportunidades para os seus jovens e para os nossos, a Madeira nem para os seus! O problema não é “doutores” a mais, é oportunidades a menos. São políticas erradas que criam ricos mas não dão futuro.
A Madeira está refém dos interesses de poucas famílias que controlam os negócios e a política e roubam-nos o futuro a todos.
Os ricos impingem-nos sempre as estórias que lhes convêm, já não dizem que não faz falta estudar, a conversa é refinada: as privatizações fazem crescer a riqueza; os privados é que criam emprego; não devemos esperar trabalho estável nem horário certo e muito menos um salário digno; o Estado deve gastar menos e baixar impostos. Balelas! O efeito de tudo isso é ricos cada vez mais ricos e o povo mais pobre!
A desgraça da nossa geração é ver os nossos filhos a viverem pior que nós, com estudos mas sem emprego, sem casa e sem poderem constituir família. Esta realidade é uma escolha de quem tém o poder porque lhes convém, mas não tem de ser assim.
Em 2019 o povo terá o poder nas mãos e pode escolher um futuro diferente com uma vida melhor para os seus filhos. Poderá escolher um Governo que governe para o bem de todos em vez de um que, ainda que pintado de cor-de-rosa, governe para os mesmos de sempre.
(publicado em dnoticias.pt em 31/12/2018)
O sonho da minha mãe era que os filhos estudassem e tivessem uma vida melhor que a sua. No seu tempo a quarta classe bastava para ter um trabalho respeitável, ela ficou pela terceira... nem lhe valeram os elogios da professora junto do meu avô, que tinha cabeça e poderia ser regente e depois professora. Nasceu aí a sua determinação: “eu não estudei, mas os meus filhos hão-de estudar”. Obrigado mãe!
O avô da minha mãe era um dos poucos homens que sabia ler e escrever, corria o Porto da Cruz de ponta a ponta a tratar de cartas e de outros documentos, mas criou os filhos analfabetos.
Diziam-lhe os senhores ricos que para trabalhar a terra não era preciso ler nem escrever. Aos mesmos senhores a minha mãe ouviu a indignação, a seguir ao 25 de abril: o Governo deve andar louco para dar escola à “canalha da serra”.
No meu tempo de estudante a licenciatura era garantia de carreira para a vida, hoje nem licenciatura, nem doutoramento. Quem nos roubou o futuro? Teremos “doutores” a mais?
Os jovens qualificados emigram para países (Inglaterra ou França) com maior percentagem de licenciados que Portugal. Esses países criam oportunidades para os seus jovens e para os nossos, a Madeira nem para os seus! O problema não é “doutores” a mais, é oportunidades a menos. São políticas erradas que criam ricos mas não dão futuro.
A Madeira está refém dos interesses de poucas famílias que controlam os negócios e a política e roubam-nos o futuro a todos.
Os ricos impingem-nos sempre as estórias que lhes convêm, já não dizem que não faz falta estudar, a conversa é refinada: as privatizações fazem crescer a riqueza; os privados é que criam emprego; não devemos esperar trabalho estável nem horário certo e muito menos um salário digno; o Estado deve gastar menos e baixar impostos. Balelas! O efeito de tudo isso é ricos cada vez mais ricos e o povo mais pobre!
A desgraça da nossa geração é ver os nossos filhos a viverem pior que nós, com estudos mas sem emprego, sem casa e sem poderem constituir família. Esta realidade é uma escolha de quem tém o poder porque lhes convém, mas não tem de ser assim.
Em 2019 o povo terá o poder nas mãos e pode escolher um futuro diferente com uma vida melhor para os seus filhos. Poderá escolher um Governo que governe para o bem de todos em vez de um que, ainda que pintado de cor-de-rosa, governe para os mesmos de sempre.
(publicado em dnoticias.pt em 31/12/2018)
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