2015-11-30

O novo hospital da Madeira e o PSD

O novo hospital deve ser construído porque é uma necessidade imperiosa, que deveria estar atendida há muito tempo só não foi porque o PSD-Madeira não quis, preferiu gastar o dinheiro em obras que fazem vista, mas não faziam falta.


De repente o PSD-Madeira quer parecer o campeão na defesa do novo hospital, como se não tivesse estado no governo do país nos últimos 4 anos e no governo da Madeira nos últimos 40 e, portanto, dispôs de todas as condições políticas e financeiras para concretizar a obra.

Dispôs das condições, mas não as aproveitou, teve outras prioridades que são bem conhecidas. Construiu estádios de futebol, campos de golfe, marina e heliporto que nunca foram nem serão usados, centros cívicos às moscas em todas as freguesias, viadutos e túneis sem acesso e abandonados, vias rápidas necessárias, mas que teriam custado metade ou menos se planeadas e construídas com tempo e não à pressa para cumprir o calendário eleitoral.

Uma atuação despesista e eleitoralista do governo PSD-M que nunca mereceu críticas internas. Apenas quando viu esgotar-se o seu tempo na câmara e sem ter outro palco onde se exibir, de forma oportunista, Albuquerque quis mostrar-se diferente começou a demarcar-se e a criticar o modo de atuação de Jardim, quando o próprio Albuquerque até aí tinha sido exatamente igual.

Esta proposta de recomendação ao governo, para a construção do novo hospital, apresentada pelos deputados do PSD Madeira, não passa de um número de teatro e um ato de hipocrisia.

Concordo em absoluto com a urgência da construção do hospital, o objetivo da proposta, mas não com os motivos apresentados. Quem lê o documento é levado a pensar que apenas quem votou no PSD-M deseja o novo hospital, argumento absurdo e patético. O hospital deve ser construído, não porque o PSD ganhou as eleições e tal medida consta no programa do governo regional e constava no do governo de Passos Coelho que foi rejeitado a 10 de novembro.

Deve ser construído porque é uma necessidade imperiosa, que deveria estar atendida há muito tempo só não foi porque o PSD-M não quis, preferiu gastar o dinheiro em obras que fazem vista, mas não faziam falta.

E com tantos mundos e fundos da Europa e do Estado o PSD-M conseguiu ainda deixar uma dívida enorme que fez recair sobre os madeirenses um penoso castigo e vai consumir 30% do orçamento da região a partir do próximo ano.

Dados os constrangimentos orçamentais da dívida criada pelo PSD, a região não tem capacidade para suportar tamanho investimento. O estado deve apoiar este empreendimento que é de interesse nacional, pois irá servir não só os residentes, como todos os que nos visitam, em férias ou em trabalho.


(publicado no Esquerda.net a 30/11/2015)

2015-11-19

O Silva dos mercados

A visita de Cavaco Silva à Madeira fica ensombrada pela sua indefinição quanto ao governo do País. Neste momento ninguém quer saber do que ele viu ou fez na Madeira, mas apenas quando e quem irá nomear primeiro-ministro. A primeira visita do Presidente ocorreu em 2013 em pleno turbilhão após a demissão irrevogável de Paulo Portas. É lamentável que o Presidente só venha à Madeira no meio de trapalhadas, os madeirenses merecem outra consideração.

E mereciam que o Presidente dirigisse uma palavra aos mais de 20.000 desempregados, somos a região do País com maior desemprego. Mereciam que ele se lembrasse das vítimas do 20 de Fevereiro de 2010, que passados quase seis anos e muitos milhões da Lei de Meios, continuam com danos por reparar na suas habitações. Mas ele só tem tempo para empresários e de sucesso, pois os que viram o seu negócio fechar devido ao desastre da austeridade têm de aguardar por outro Presidente.

Apesar encher a boca com os mercados, não o vimos nos Lavradores. Porque encontraria aí o povo, que não é companhia que agrade ao Sr Silva. Ele gosta de estar é em companhias graúdas, administradores, banqueiros e grandes empresários, os ditos “mercados”. Os mercados com que ele tanto se preocupa e tem em maior conta que a própria Constituição de República que jurou defender.

Os mercados. Enervam-se com perspetivas de governo de esquerda, mas não com atentados terroristas - a guerra favorece-os, não fosse o armamento o maior negócio do mundo. Tremem com a vitória do Syriza, mas não com os avanços dos partidos neo-fascistas. Os mercados convivem bem com as ditaduras, seja a do Partido Comunista chinês ou a de Pinochet. Convivem mal é com a democracia, em especial quando esta deixa de ser apenas fachada e procura responder aos problemas das pessoas.

Os mercados reclamam contra o aumento dos salários e pensões, mas nem piam perante as fraudes de milhões na banca. Os mercados são a fraude, são feitos de gente da laia de Ricardo salgado e Dias Loureiro, os grandes amigos do Sr Silva.


(publicado em dnoticias.pt em 19/11/2015)