Toda a gente conhece a experiência a que um "cientista" submeteu uma rã, para aferir com quantos membros ela seria capaz de saltar. A Grécia está desde 2010 a ser objeto de uma experiência semelhante.
Toda a gente conhece a experiência a que um "cientista" submeteu uma rã, para aferir com quantos membros ela seria capaz de saltar. Com três patas a rã saltou, com duas patas a rã saltou, com apenas uma pata a rã saltou, mas depois de cortar a última pata, a rã já não obedeceu à ordem e não saltou. A conclusão do cientista foi que a rã sem patas fica surda.
A Grécia está desde 2010 a ser objeto de uma experiência semelhante. Durante os últimos cinco anos a economia grega foi sendo amputada, a sua capacidade produtiva, a capacidade de criar riqueza foi gravemente diminuída. Um terço dos funcionários públicos foram despedidos, o PIB diminuiu quase 30%, o desemprego afecta metade dos jovens com menos de trinta anos, os desempregados ficaram sem acesso aos cuidados de saúde, 300.000 famílias ficaram sem electricidade nas suas casas por não terem como pagar as contas. Muitos mais aspectos podem ser referidos.
Perante esta catástrofe, mais acentuada que a que se abateu sobre os Estados Unidos na grande depressão dos anos 30 e o resultado direto das medidas impostas pela Troika, os iluminados "cientistas" do FMI, do BCE e da Comissão Europeia, chegam à brilhante conclusão que a Grécia não quer pagar o que deve. Que os gregos são uns malandros que querem é viver com o dinheiro dos demais europeus.
No caso da rã, se queremos que salte, o melhor é não amputar-lhe os membros. No caso dum país (duma empresa ou duma pessoa), se pretendemos mesmo que pague o que deve, não devemos então retirar-lhe os meios de obter rendimento e de criar riqueza.
(publicado no Esquerda.net a 27/07/2015)